Entendendo a Diferença entre CD4 e Carga Viral no Controle do HIV

Por Lucian Ambrós

A crescente conscientização sobre o HIV/AIDS trouxe à tona uma série de termos técnicos que podem causar confusão, especialmente quando se trata dos indicadores de saúde mais críticos para pessoas vivendo com o vírus. Dois desses termos, que são frequentemente usados no contexto do tratamento e monitoramento da infecção, são os níveis de CD4 e a carga viral. Mas o que realmente significam e por que são importantes?

O que são CD4 e Carga Viral?

Os linfócitos T CD4, frequentemente referidos simplesmente como “CD4”, são um tipo de célula imunológica responsável por ajudar o corpo a combater infecções, podemos pensar eles como nossos soldados de defesa que evitam infecções e outras patologias. No contexto do HIV, essas células são particularmente vulneráveis. O vírus ataca e destrói os linfócitos T CD4, comprometendo a capacidade do sistema imunológico de responder a outras infecções e doenças.

Por outro lado, a carga viral refere-se à quantidade de vírus presente na corrente sanguínea de uma pessoa. Essa medida é crucial para entender a atividade do HIV no organismo, pois uma carga viral alta indica uma replicação ativa do vírus, enquanto uma carga viral indetectável sugere que o tratamento está funcionando eficazmente e que a pessoa tem zero risco de transmissão.

A Importância de Cada Medida

A contagem de CD4 e a carga viral são ambas vitais para o tratamento do HIV, mas cada uma oferece uma perspectiva diferente sobre a saúde de um paciente.

  1. Contagem de CD4: Geralmente, uma contagem de CD4 acima de 500 células/mm³ é considerada saudável, enquanto contagens inferiores a 200 células/mm³ são um sinal de que o sistema imunológico está significativamente comprometido. Monitorar os níveis de CD4 ajuda os médicos a determinar o estado da imunidade do paciente e a necessidade de tratamento antiviral. No Brasil uma carga viral abaixo de 350 células/mm³ é considerada no estágio de Aids.
  2. Carga Viral: A carga viral é monitorada para avaliar quão bem o tratamento antirretroviral (TARV) está funcionando. Pacientes que alcançam uma carga viral indetectável têm um risco zero de transmitir o vírus a outras pessoas e estão mais protegidos contra as complicações do HIV. A eficácia do tratamento é tipicamente medida por reduções na carga viral, que idealmente deve se tornar indetectável. Uma pessoa com carga viral abaixo de 200 cópias (OMS) é considerada indetectável, a nota técnica do ministério da saúde 376/2023 diz que uma pessoa abaixo de 600 cópias de vírus tem zero risco de transmissão ao HIV, já pessoas que têm entre 600 e 1.000 cópias têm menor risco de transmissão.

A Relação entre CD4 e Carga Viral

Embora os níveis de CD4 e a carga viral sejam indicadores diferentes, eles estão interconectados. Um aumento na carga viral geralmente precede uma diminuição na contagem de CD4. Portanto, o monitoramento regular de ambos os marcadores é essencial para um tratamento eficaz e para o gerenciamento da infecção por HIV.

Conclusão

Em resumo, enquanto os CD4 nos dão uma visão da força do sistema imunológico, a carga viral revela a atividade do HIV no corpo. Ambos são cruciais para o gerenciamento da saúde de pessoas vivendo com HIV. A educação contínua sobre esses conceitos pode não apenas ajudar os pacientes a entender melhor suas condições, mas também contribuir para a redução do estigma e uma abordagem mais informada no cuidado e tratamento da infecção por HIV.


Essa matéria visa esclarecer as diferenças e a importância de cada um dos indicadores, promovendo uma melhor compreensão entre os leitores.