A hepatite B é uma infecção causada pelo vírus HBV e é um problema de saúde mundial sendo uma das principais causas de doença hepática crônica, cirrose e hepatocarcinoma. A transmissão da doença ocorre através de agulhas ou qualquer objeto contaminado que ultrapasse a pele. O contato direto de sangue ou secreções contaminadas com machucados ou com cavidades mucosas do corpo, como a boca, intestino, bexiga, trato respiratório e genitálias também é um importante meio de transmissão sendo, portanto, uma infecção sexualmente transmissível. A transmissão também pode ocorrer por meio vertical, ou seja, de mãe para filho durante a gestação ou no parto se a mãe for portadora.
O órgão mais afetado por essa doença é o fígado. Em alguns casos, a doença pode ter cura espontânea, principalmente, em adultos, mas pode também se tornar uma doença prolongada e sem cura (crônica) que leva à cirrose (destruição do fígado), câncer de fígado ou a redução das funções do fígado (insuficiência hepática). Quando a doença é aguda, ou seja, dentro de 6 meses de infecção, o quadro pode ser assintomático até quadros raros de insuficiência hepática (1% ou menos), aparecimento de lesões de pele, dores nas articulações acompanhadas ou não de inflamação destas. Esses sintomas somem com o surgimento do amarelamento da pele e regiões mucosas (icterícia), e passam a ser anorexia, náusea, icterícia e desconforto na região direita superior do abdome.
A confirmação da doença de forma crônica é feita através da detecção de HBsAg (proteína da superfície do vírus) positiva por mais de seis meses. Nessa fase, o paciente pode estar sem nenhum sinal de hepatite, porém em alguns casos, caso não tratado, pode evoluir para hepatite crônica, cirrose e hepatocarcinoma (câncer hepático). Além disso os pacientes podem apresentar uma inflamação que danifica as artérias (poliartrite nodosa) e doença nos rins (doença glomerular). As fases da cronificação da doença são 4, sendo que:
• 1ª fase (imunotolerância): Elevada replicação viral sem lesão às células do fígado;
• 2ª fase (imunoclearence): Elevada replicação viral com lesão às células do fígado;
• 3ª fase (Portador inativo): Baixa replicação viral. O vírus não pode ser eliminado completamente, uma vez que, o seu DNA já se integrou ao DNA das células do fígado do paciente;
• 4ª fase (Reativação): Se essa fase ocorrer, a replicação viral volta a aumentar. Geralmente nessa fase, o vírus sofreu alguma mutação que permitiu que ele voltasse a se multiplicar sem intervenção do sistema imunológico do paciente.
A principal medida de prevenção é através da vacinação. A primeira dose ocorre logo após o nascimento e deve ser administrada na maternidade, nas primeiras 12 horas de vida. A segunda dose deve ser dada um mês após a primeira e a terceira dose deve ser dada 6 meses após a primeira dose. Para quem não foi vacinado ao nascer, a vacina está disponível para todas as idades e de forma gratuita nos postos de saúde. Outras medidas de prevenção incluem evitar compartilhamento de objetos de uso pessoal (exemplo: alicate de pedicure/manicure e lâminas de barbear) e uso de preservativos durante as relações sexuais.
O tratamento da hepatite B crônica consiste em uma terapia antiviral cujo objetivo é inibir a replicação viral, para evitar a progressão da hepatite para cirrose hepática ou hepatocarcinoma. O tratamento é eficaz para controle da doença, mas a cura completa não pode ser obtida na maioria dos casos. O tempo de tratamento é muito variável, podendo ser de alguns anos ou até mesmo por tempo indeterminado.
Adriana Regina Nistal
Acadêmica de medicina finalizando o 6º semestre do curso em 2020.2 na Universidade Nove de Julho.