Uma dúvida comum é se mulheres vivendo com o vírus HIV podem ter filhos saudáveis e sem o HIV. A resposta é sim, podem. Mas para o resultado esperado, precisamos fazer tudo o que está ao nosso alcance.

Primeiramente, teste. A maioria das grávidas descobre estar vivendo com HIV no exame de rotina da primeira consulta do pré-natal. Não postergue os exames solicitados. E, se você planeja engravidar, procure seu médico para fazer exames de rotina. E não esqueça de levar seu parceiro junto. É importante que ele também faça os exames. Existem casais sorodiferentes, quando um tem o HIV e o outro não. Além do exame do HIV, aproveite a oportunidade e faça outros exames de doenças que possam passar para o bebê, como sífilis por exemplo.

As gestantes com HIV devem ser acompanhadas por equipe especializada, e temos ótimos serviços especializados pelo SUS.

O pré-natal desta gestante é muito importante. Ela irá fazer os exames que todas as grávidas fazem de rotina e ainda os exames especializados para o HIV. Entre eles estão: carga viral, CD4, genotipagem, exames para avaliar função hepática, etc.

É importante também datar esta gestação logo no início. Isto significa que se a gestante tem dúvidas sobre a data da última menstruação, ou a data da concepção, ou ainda tinha seu ciclo menstrual irregular, fazer ultrassom obstétrico de 1º trimestre vai ajudar muito. Sabemos que quanto mais tardia for a data desta 1ª ultrassonografia, menos precisa será data provável do parto.

Durante o pré-natal, ela irá tomar medicações que controlam o vírus, chamadas de terapia antirretroviral (TARV). Hoje em dia essa TARV é bem tolerada e em número reduzido de comprimidos diários, diferentemente do que acontecia há uns anos atrás. A TARV é segura e não fará mal para o bebê. O objetivo do tratamento é deixar a carga viral indetectável ou a mais baixa possível. A grávida que toma regularmente sua medicação logo consegue baixar a sua carga viral, com isso diminui muito o risco do seu bebê adquirir o vírus.

Em gestações planejadas, com intervenções realizadas adequadamente durante o pré-natal, o parto e a amamentação, o risco de transmissão vertical do HIV é reduzido a menos de 2%. A taxa de transmissão vertical (TV) – a transmissão da mãe para o filho (a) – do HIV é inferior a 1% em gestantes em uso de TARV que mantêm níveis de carga viral abaixo de 1.000 cópias/ml, sendo, portanto, muito baixa quando a CV estiver indetectável. No entanto, sem o adequado planejamento e seguimento, está bem estabelecido que esse risco é de 15% a 45%.

O nível da carga viral do HIV é um dos fatores mais importantes associados ao risco de transmissão vertical do HIV e auxilia no seguimento e na definição da via de parto. Além disso, a carga viral é utilizada para monitoramento da gestante infectada pelo HIV, auxiliando na avaliação da resposta à TARV.

Quanto a via de parto, sabemos que a gestante que tem carga viral menor que 1000 cópias/ml no final da gestação -o (a) médico (a) dirá qual a data ideal para a coleta deste exame – poderá ter parto normal. Já aquelas que não conseguiram baixar sua carga viral no decorrer da gestação e estão maior que 1000 cópias/ml neste momento do último exame da CV, deverão ter o filho (a) por cesárea eletiva (aquela que é agendada e não estando em trabalho de parto) e receberão a medicação AZT endovenosa antes do nascimento. Em ambos os casos o recém-nascido receberá o xarope de AZT e será acompanhado pelo pediatra. Em todas essas situações, também, contra indicamos o aleitamento com o leite desta mãe. Até onde sabemos, esse leite materno pode conter o vírus, temos casos de transmissão por essa via também, por isso a contraindicação. E temos disponível pelo SUS o leite especial para recém-nascidos.

Após a alta hospitalar, mãe e bebê deverão fazer consulta com o (a) obstetra e pediatra, respectivamente, por volta de 10 dias após o nascimento. Nessa consulta com o (a) obstetra se faz a avaliação puerperal, avalia-se também se será necessário trocar a TARV, e já conversamos sobre as opções de métodos contraceptivos.

Temos ótimos resultados com o tratamento durante a gravidez. Não há motivo para pânico. Porém, como toda a gravidez, devemos, se possível, planejá-la para o melhor momento da vida e seguir todas as recomendações médicas. Contem comigo!

Saiba mais sobre o assunto em:

Dra. Betina Klein

Ginecologista e Obstetra

CRM-SC 10350 RQE 4877

Atendimento no CEREDI e consultório particular em Itajaí -SC